sábado, 20 de março de 2010

Da janela do ônibus



Da janela do ônibus eu vejo a vida sendo levada por quatro rodas ou duas, por um par de sapatos barato, caro, ou até mesmo pés descalços. Observando esses aspectos que passam despercebidos em nosso cotidiano, me surpreendi e fiquei fascinada com essa minha falta de sensibilidade com as situações que vivo diariamente, com tudo, compreendi quão pequenos nos tornarmos em meio a o emaranhado dos veículos de transportes, construções, prédios e pessoas. Como pode você ter um companheiro de viajem sentado do seu lado por trinta, quarenta minutos...as vezes por duas horas e não saber seu nome, saber o que faz, o que gosta de fazer, não dizer um bom dia, boa tarde, boa noite. E o mais impressionante é ter a certeza que cada uma dessas pessoas trazem histórias, carregadas de lições de vida, sofrimento, lutas, conquistas, frustrações, felicidades, ou não, podem ser pessoas vazias, fúteis, egoístas...mas são histórias. Se me permitem fazer uma comparação, acredito que a vida nada mais é que um livro escrito por seus próprios personagens e lido por somente um único leitor. Desse leitor venho idéia de se criar o livro, porém ele só faz o que os personagens da história buscam com sinceridade e obediência, mesmo tendo o poder necessário para mudar o curso da trajetória de todos os personagens, pois acima de tudo criou o livro para que aqueles que nele estivessem fossem livres.
Da janela do ônibus aprendi que ser mais um na multidão - aquele quase invisível é um fato, pois como eu pensava antes desse estralo que tive em um dia qualquer andando de ônibus, outros ainda pensam, e boa parte desses vão escrever sua história, sem ler as histórias dos outros personagens. Por que em quanto você esta ali inerte, sentado ou de pé, olhando para janela e ao mesmo tempo não vendo nada, além do seu reflexo no vidro, a vida esta acontecendo lá fora, do seu lado; e você nem se esforçou para perceber.

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